domingo, 7 de março de 2010

“O problema é que somos extremamente amadores”

Entrevista com o vice-reitor Aécio Cândido
por Lenilson Freitas

In Vivo - Qual a sua avaliação da política de investimento em pesquisas na UERN?

AC - Eu acho que há um saldo muito positivo porque quando estávamos na Pró-reitoria em 1997 havia uns 4 doutores, não mais do que isso. E algumas poucas dezenas de mestres também. Era uma atividade praticamente inexistente. Não havia pesquisa institucionalizada. Começou-se a incentivar a ida de professores a mestrados e doutorados, financiamentos de bolsas. Isso fez com que formássemos muitos doutores e mestres. Eu acho que essa política tem se transformado em coisas palpáveis na UERN.

In Vivo - Como você avalia a política institucional de divulgação cientifica na Uern?

AC - Eu diria que embora reconheça nosso avanço na pesquisa, nós ainda não conseguimos instituir dentro da UERN a cultura do ARTIGO. Aquela pesquisa que pode ser publicado em boas revistas. É um dos pontos fracos não diria só da UERN, mas também do Brasil de uma forma geral. O problema é que somos extremamente amadores. As revistas nascem, mas não são gerenciadas de uma forma em que o mundo científico vê com simpatia. Muitas vezes, o corpo editorial é “doméstico”. Temos que ver que não basta ter uma revista mais, é preciso ter reconhecimento na comunidade cientifica.

In Vivo - A UERN possui revistas científicas?

AC - Nós temos um volume considerável de produção cientifica vinculada, mas não dentro da UERN. Dentro da UERN, temos a Revista Expressão, mas que tem tido um problema de sério de periodicidade. A revista Contexto, da FAFIC, que teve um primeiro número em 97/98 e um segundo em 2006/2007. Mas também não existe uma periodicidade correta. Alem disso temos uma Revista do Campus de Caicó, ligada ao Curso de Filosofia.

In Vivo - Na sua opinião a UERN ainda se mostra como uma das principais instituições regionais? Ou ela já perdeu esse posto para a Universidade Federal Rural do Semiarido?

AC - Eu não veria dessa forma. O que está acontecendo é um fenômeno das universidades como um todo, que é o fenômeno da “verticalização”. Isso significa que a Universidade precisa desenvolver a produção cientifica não apenas no discurso dos professores, na retórica, mas efetivamente desenvolver pesquisa com resultados e publicação. Como consequência a criação dos curos de pós-graduação. Isso implica em novas práticas, em novas mentalidades. A Ufersa está num sistema federal em expansão e com recursos pra se expandir. Enquanto nós estamos financiados pelo tesouro estadual, e por isso nossa capacidade de expansão é mais restrita.

In Vivo - Como você vê a UERN daqui há dez anos?

AC - Vejo de forma otimista, embora não me impeça de ser critico em alguns aspectos. Eu vejo nosso amadurecimento na pesquisa. Um caminho que se iniciou e tende a melhora. Como somos uma universidade voltada para a área de ciências humanas e sociais, precisamos melhorar bastante. Mas isso se explica porque a área de ciências naturais tem mais tradição, e possui métodos que levam mais clareza aos resultados. Os métodos nas ciências sociais são motivos de discussões e debates constitutivos. A universidade continuará a formar novos doutores, onde a tendência é que se organizem em torno de grupos, e com clareza nos temas de pesquisa. Acho quem daqui há dez nós estaremos produzindo mais e ciência e com qualidade.

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